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domingo, 13 de abril de 2008

E o Avestruz voou para o céu!

Demorei para conseguir escrever aqui no blog sobre a morte do Cmte. Rocha. Falar dele sem me emocionar é muito difícil. Embora só tenhamos nos visto pessoalmente um punhado de vezes, a empatia que tínhamos um pelo outro era algo muito interessante. Acho que é daquelas coisas espirituais. Ele sempre que me encontrava falava com muita emoção sobre o meu pai e de como ele gostava do velho.

Nosso último encontro foi no Aniversário do Grupo, em dezembro, lá na BASC. Ele já estava muito debilitado, estava em cadeira de rodas, mas me disse uma coisa muito bonita: "Sabe Luis, eu tô muito cansado, mas vir a Santa Cruz e rever meus companheiros é sempre revigorante e eu não podia deixar de vir..."

Infelizmente, seu estado de saúde deteriorou, e o corpo já fragilizado pela idade, não resistiu ao tratamento que lhe vinha sendo imposto para combater a doença. No último dia 01 ABR - 00:50, o nosso avestruz guerreiro alçou o seu último vôo terreno e foi se apresentar ao eterno Comandante Nero Moura. Terá sido coincidência o fato dele ter "decolado" na primeira hora do primeiro dia do mês de abril, o mês da aviação de caça?

Para nós, que ficamos por aqui, a notícia caiu como uma bomba. Eu havia recebido um e-mail do Mateus Rocha, presidente da Eu Amo Voar e vizinho do comandante em Araraquara, na véspera, dizendo que o estado de saúde do Cmte. Rocha era grave, e que o médico já havia preparado a família. Eram 08:00 do dia 01 ABR quando o meu celular tocou e vi no display um número começando com 016. Neste momento a tristeza se abateu sobre mim pois eu tinha certeza que era o Mateus me avisando do pior. Após falar com o Mateus, liguei imediatamente para o Veterano Varela com o intuito de avisa-lo, porém o aviso já havia chegado e os demais Veteranos estavam sendo contactados para irem ao enterro. Por volta das 09:00 o Veterano Osias me liga e me convoca para ir à cerimônia, haveria um vôo militar saindo do Correio Aéreo Nacional com destino a São Paulo. Pedi 10 minutos para poder avisar meu chefe (afinal era dia de trabalho...) e caso fosse liberado, confirmar a minha presença.

Tudo OK no trabalho, me apresentei no CAN na hora prevista, e lá encontrei os Veteranos Rui, Meira, Ariston, Osias, Perdigão e Areinha, o presidente da ABRA-PC, Brig. Lauro Ney, e o Cel. R/R Temporal, além do Cmte. do 1º Grupo de Caça, Ten-Cel Lorenzo, e vários pilotos da BASC. Eles fariam parte da comitiva de honra enviada pela base para prestar as últimas homenagens ao Veterano Rocha.

No caminho para o CAN eu ainda liguei para o Edgard Mello Filho e dei a ele a notícia e aproveitei para pedir a ele que me autorizasse a colocar no site, a entrevista que ele fez com o Veterano Rocha em seu programa Voar. O Edgard, gentil como sempre, autorizou de imediato e ficou muito emocionado com a notícia que lhe dei.

O vôo transcorreu normalmente, e chegamos ao Cemitério do Morumby no horário. Chegando lá pude reencontrar alguns amigos: o Vicente Vasquez, o Mateus Rocha, a Marta Bognar, o Ian Comber (ainda se recuperando do problema de saúde que teve), além do neto do Veterano Rocha, o José Edgard.

A missa foi rezada por dois capelães e contou com a participação do Veterano Rui Moreira Lima. Ele, com seu jeito irreverente conseguiu prestar uma linda homenagem ao Veterano Rocha, pois, conseguiu transmitir de forma leve, toda a dor e toda a saudade que o nosso herói deixou em nossos corações. A homenagem foi tão bonita, que conseguiu tirar alguns risos das pessoas que ali estavam. Foi emocionante ver o ADELPHI que foi dado, e eu, por exemplo, não consegui terminar de cantar o Carnaval em Veneza. O nó na garganta não deixou....

O caixão foi então conduzido para o jazigo, escolhido pelo próprio Veterano Rocha. Ouvi de um amigo dele que estava lá: "O Rocha me disse que havia escolhido este lugar por dois motivos: um para estar perto do Senna, e outro porque ali havia uma sombrinha. Assim, quem o fosse visitar não ia ficar com tanto calor...". O que mais pode se dizer de uma pessoa como ele?

Ao som do Toque de Silêncio, o caixão foi baixado na sepultura. D. Lélia, a viúva, recebeu das mãos do Veterano Rui a bandeira do Brasil que cobria o caixão. Ao final da cerimônia fui até d. Lélia novamente, e em nome dos filhos, netos e bisnetos dos Veteranos transmiti as nossas condolências.

Voltamos para o Rio já no final da tarde e pousamos no Galeão por volta das 20:00. A missão estava cumprida, tínhamos prestado nossa última homenagem ao Veterano Fernando Correa Rocha.

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